Cuiabá, 1961

A obra de Gervane de Paula questiona a construção e a circulação de ícones no imaginário popular do estado do Mato Grosso. O artista aborda dinâmicas que atribuem valor a esses símbolos e como eles podem ser apropriados pelo comércio, pelo turismo e até vir a sustentar um discurso regionalista. Dessa forma, lança um olhar crítico, sempre impregnado de humor, sobre a elaboração de uma imagem exotizante do Pantanal. Em lugar dela, propõe retratos problemáticos, que expõem tanto a devastação agrícola quanto o esquema de tráfico de drogas que assolam o Mato Grosso, principalmente em sua fronteira com a Bolívia. Por extensão, acaba por refletir sobre o circuito da arte, no qual modelos e temáticas às vezes são repetidos e consumidos como bibelôs de uma loja de suvenires. Nos objetos e esculturas em madeira que compõem Mundo animal, de Paula problematiza questões inerentes à região e seus símbolos, como a onipresença visual do tuiuiú nas mais diversas logomarcas, no turismo ou nas propagandas políticas locais.

Obras

Mundo animal. Uma droga de arte!, 2017
cola, souvenir, artesanato em madeira, tinta óleo