Santo Antônio da Patrulha, 1976. Vive em São Paulo
A produção de Letícia Ramos tem algumas características recorrentes: o domínio completo do fazer fotográfico e fílmico, o feitio artesanal dos dispositivos de captação de imagens, a precisão construtiva e, por fim, a maneira de tecer uma narrativa ficcional ambígua, que se confunde com as ditas “verdades” da ciência e da história. Sua formação em arquitetura e cinema, além de um vasto repertório em ficção científica, colaboram para a determinação do universo poético da artista.
Em Grão (2016), Ramos transporta o espectador para o futuro. Devido a uma catástrofe, uma colônia humana em outro planeta parece entrar em desequilíbrio. O rompimento de um silo deflagra um estranho cultivo e aparentemente incontrolável. O cenário dessa trama foi feito em escala reduzida de maquete. Nas filmagens, a paisagem em miniatura tornou-se um ambiente inóspito, que se intercala com imagens de pequenos detalhes obtidos com base na macrofotografia de fenômenos biológicos. Na Trienal, a artista também faz uso de holografia e desenhos para representar um meteorito que parece advir de uma história pregressa de Sorocaba. Como uma peça de museu arqueológico e etnográfico, o corpo celeste remonta a outros tempos, perturbando a realidade e desconstruindo o presente.
[D.M.]
Obras
Meteorito em suspensão, 2017
Desenho, colagem e maquete holográfica
Grão, 2016
16 mm transferido para vídeo, full HD, 8’