Munique, 1963. Vive em Berlim

Formado ainda nos tempos da Guerra Fria, o fotógrafo viveu processos drásticos de transformação espacial, social e cultural de seu país. Com isso, desenvolveu uma acurada percepção de tempo e de processos de recuperação histórica. Munido de câmeras pinhole, Michael Wesely passou a experimentar a superexposição de filmes em processos fotográficos analógicos de longa duração. Capturou, dessa maneira, imagens que acumulam agentes e disputas vivenciados na contemporaneidade. Entre 1997 e 1999, o artista documentou a reconstrução da Potsdamer Platz, em Berlim, revelando o início de um processo de especulação até hoje vigente sobre aquela paisagem.

Familiarizado com a realidade política brasileira, Wesely apresenta em Frestas quatro fotografias de um conjunto maior, feito em 17 de abril de 2016 – dia em que a Câmara dos Deputados votou pela admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, eleita em 2014. Em suporte digital, mas ainda fazendo uso da técnica de superexposição, o artista registrou os movimentos populares em dois espaços públicos tradicionais de São Paulo. No vale do Anhangabaú, reuniram-se os que eram contra o afastamento de Dilma, enquanto na avenida Paulista havia um grupo a favor da condenação que por fim interrompeu o mandato presidencial. As fotografias remetem à cisão democrática e à crise política vivenciadas no Brasil de hoje. Entre sobreposições e manchas de movimentos desordenados, configura-se um momento histórico que tardará por ser assimilado.

Hello

Vale do Anhangabaú, 2016
(18.12 – 18.24 Uhr, 17.4.2016)
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Vale do Anhangabaú, 2016
(17.04 – 18.12 Uhr, 17.4.2016)
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Avenida Paulista, 2016
(19.37 – 19.57 Uhr, 17.4.2016)
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Avenida Paulista, 2016
(20.17 – 20.34 Uhr, 17.4.2016)
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