Havana, 1983

Em esculturas, instalações e vídeos, Reynier Leyva Novo problematiza a história de Cuba, sem no entanto esquecer suas relações com uma geopolítica mundial. Na produção audiovisual, como na trilogia El país que soñó ser continente [O país que sonhou ser continente] , o artista já investigou a perspectiva de outros contextos sobre seu país natal. Desta maneira, reuniu indícios para pensar um Sul global – mais do que uma região geopolítica, um conceito em disputa, no que concerne a identidades, territórios e memórias.

Na Trienal, Leyva Novo apresenta duas instalações, que, apesar de anteriores, ganham contornos específicos. Em Arqueologia de una sonrisa [Arqueologia de um sorriso] (2015/2017) por volta de 2,5 mil escovas foram coletadas por meio de trocas com a população de Sorocaba: ao entregarem as escovas usadas ao artista, as pessoas receberam uma nova. Disposta sobre a parede, a coleção angariada permite ver variações de cor, tamanho e desgaste. Já El beso de cristal [O beijo de cristal] (2015) consiste em setenta taças com gravações a laser dos retratos, nomes e tempos de mandato dos 24 presidentes cubanos e 44 presidentes estadunidenses (antes da eleição de Donald Trump, o 45º, eleito em 2016). Completam o conjunto duas taças limpas, sem gravações, na época à espera do nome dos futuros líderes desses países (os EUA elegeram Donald Trump). Se em Arqueologia… o artista evoca as subjetividades em nome de uma memória coletiva, em El beso… remonta aos símbolos de poder em Cuba e nos Estados Unidos, também em referência a uma representação coletiva de nações que têm entre si uma história de disputas ideológicas.

Obras

The Crystal Kiss [O beijo de cristal], 2015
globos de vidros gravados a laser

Archeology of a smile [Arquelogia de um sorriso], 2017
escovas de dente, retratos e informações pessoais
FOTOGRAFIAS Camila Fontenele
AGRADECIMENTO Pastoral do Menor de Sorocaba
Centro Educacional Comunitário Habiteto