Héctor Zamora

Cidade do México, 1974. Vive em Lisboa

Somando a formação em design gráfico com o interesse por arquitetura e artes visuais, Héctor Zamora começou nos anos 2000 sua carreira, da qual passou grande parte em São Paulo. Sua obra atenta para a realidade social e econômica em países do capitalismo periférico. Em suas performances, geralmente registradas em vídeo, costuma observar arcaísmos, desequilíbrios, dissensos e vulnerabilidades que são comuns ao Brasil e ao México, dois lugares onde a vivência do artista permitiu aprofundar a percepção dos fatos.

Memorándum [Memorando] (2017) é um videorregistro. Sobre uma estrutura de andaimes composta de diversos patamares, encontram-se mulheres uniformizadas e sentadas. Elas datilografam sem parar e as folhas que resultam de seu trabalho são paulatinamente arremessadas ao centro do vão circundado pelos andaimes. Pouco tempo é necessário para instaurar-se uma situação que evidencia a violência a que as mulheres são submetidas em um sistema produtivo machista, por estarem durante muito tempo limitadas à condição de assistentes e de executoras de ordens. Já em Ordre et progrès [Ordem e progresso] (2016), uma videoinstalação em três canais, trabalhadores com seus capacetes e marretas destroem simultaneamente alguns barcos pesqueiros populares, transformando-os em volumes consideráveis de entulho e ruínas. Em nome de aprimoramento técnico, o trabalho, a repetição, o descarte e o desperdício parecem estabelecer-se como gestos inquestionáveis de uma ordem laboral. É nesse tensionamento entre a preservação do que existe e o imperativo do novo que Zamora acentua um impasse do sistema capitalista, que tende ao apagamento de uma memória coletiva. Os resquícios da performance atestam um conhecimento ou uma produção material que não se deveria perder de vista.

Obras

Memorándum [Memorando], 2017
videoinstalação, 4’14”, 48 datilógrafas, 48 máquinas de escrever,
48 escrivaninhas, papel, andaime
CORTESIA do artista e da Galeria Luciana Brito
EDIÇÃO Visual Mates

Georges Rousse

Paris, 1947

O artista desenvolve desde os anos 1980 uma obra singular por sua interdisciplinaridade, utilizando-se da fotografia como suporte. Sua pesquisa vai além da linguagem fotográfica para explorar questões da arquitetura, do site specific, da land art e da pintura, tendo como referências fotógrafos como os estadunidenses Alfred Stieglitz e Ansel Adams, entre outros. Uma das maiores influências de Rousse, no entanto, vem a ser a pintura suprematista de Kasímir Maliévitch, em especial Quadrado negro sobre fundo branco (1913-1915), que o impactou tanto a ponto de fazê-lo inventar um modo original de unir a linguagem da pintura a questões da espacialidade no campo fotográfico.

Foi a partir dessa obra que Rousse iniciou a pesquisa que o levaria a construir meticulosas instalações efêmeras no interior de edifícios abandonados ou condenados para transformá-los em espaços ilusórios, existentes apenas no registro fotográfico, e definidos pelo artista como “pictóricos”. Ao optar por ampliações em grandes formatos, como as que vemos em Frestas, o artista criou uma experiência imersiva, que coloca o espectador dentro de cenários virtuais.

Obras

Casablanca, 2013
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Lyon, 1997
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Matsushima, 2013
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Montbéliard, 1995
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Oberhausen, 1996
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Reims, 2012
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Making of, Matsuhima, 2014
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Making of, Casablanca, 2003
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